sábado, 11 de outubro de 2008

Crise de 1929 e New Deal

A EUFORIA

· Com o término da Primeira Grande Guerra, o EUA era o país com melhores condições financeiras do globo, sendo credor de diversas nações européias, as mais afetadas pelo combate.

· O envolvimento do EUA foi tardio, apenas em 1917, e o conflito sequer afetou o território norte-americano, ao contrário do que se viu na Europa. Devido a esse quadro, o EUA acabou “lucrando” com o Grande Guerra, uma vez que intensificou sua produção, tanto industrial quanto agrícola, visando abastecer o mercado europeu destroçado pela guerra.

· Além de intensificar a produção, o EUA concedeu diversos empréstimos aos países europeus e assumiram um papel preponderante nas discussões de paz.

· Todo esse contexto contribuiu para que, ao final da guerra, o EUA contasse com um desenvolvimento econômico extraordinário, dando a ele totais condições de influenciar sobre os países do mundo.

· A economia norte-americana, na década de 20, seguia o padrão liberal, isenta do controle estatal, seguindo a euforia do crescimento econômico pós-Primeira Guerra, e esse foi o principal problema e que acarretou a quebra que viria anos mais tarde.

A QUEBRA

· Todo o clima de euforia que se instalou na economia norte-americana após o término da Primeira Guerra Mundial aliado ao liberalismo econômico característico da política econômica norte-americana, fez com que a produção industrial e agrícola dos Estados Unidos crescesse em um ritmo acelerado. Enquanto isso, o poder aquisitivo da população norte-americana não acompanhava o mesmo ritmo de crescimento de produção e de oferta de mercadorias, o causou um clima de instabilidade. Externamente, as nações européias começavam a se reestruturar, deixando de comprar produtos agrícolas e industriais do EUA. Isso tudo ocasionou uma grave crise de superprodução, havendo excesso de mercadorias e falta de consumidores.

· Sem ter condições para crescer, a economia norte-americana manteve-se graças a grande quantidade de capital disponível no mercado, estimulando a população a fazer empréstimos para manter o ritmo de consumo.

· Devido ao quadro de exportação para nações européias, pequenos produtores agrícolas hipotecaram suas terras para investir em equipamentos, insumos e mais terras, com o intuito de aumentar sua produção.

· Todo esse clima de euforia estimulada pelo crédito fácil fez com que criasse um clima de otimismo econômico, que veio a influenciar nos valores das ações nas bolsas, gerando uma enorme “bolha” especulativa. Pequenos investidores entravam a todo instante no mercado da bolsa de valores, que era regida pelo liberalismo econômico e pela lei da oferta e da procura. Isso tudo foi criando uma supervalorização dos papéis das empresas que tinham ações na bolsa, uma valorização que não condizia com a realidade financeira do país. Aos poucos a bolsa deu sinais de que as coisas na economia norte-americana não iam tão bem quanto se parecia até que, em 24 de outubro de 1929, ocorreu o grande “Crack” da Bolsa de Nova York, com ações perdendo seu valor da noite para o dia e gerando uma onda de falências nunca antes vista no EUA.

· Tal crise econômica se refletiu ao longo do globo, uma vez que o EUA era o principal credor de nações européias, principal comprador do café brasileiro. O governo norte-americano se viu obrigado a mudar o curso do dinheiro, e os investimentos no exterior diminuíram sendo os capitais utilizados para a recuperação da economia interna do país.

· Ao “Crack” da Bolsa, seguiu-se aquilo que ficou conhecido como “A grande depressão”. Resultado direto da quebra da bolsa e da derrocada do liberalismo econômico, base da economia norte-americana, caracterizou-se por uma profunda crise e estagnação da economia, com elevadas taxas de desemprego e a falência de inúmeras empresas.

O NOVO ACORDO

· Após a crise de 29, o partido republicano ficou completamente desmoralizado, não conseguindo eleger um sucessor. O governo foi para as mãos do candidato democrata, Roosevelt. Seguindo as idéias do economista John Maynard Keynes, o governo democrata adotou a política econômica do New Deal (“Novo Acordo”, numa tradução literal). Tal política econômica consistia em uma mudança drástica na economia norte-americana. O liberalismo era deixado de lado, dando lugar para o intervencionismo estatal. O governo passou a investir pesadamente em obras públicas e medidas protecionistas (como o salário desemprego), como forma de reaquecer a economia e dar condições de emprego para os milhares de desempregados da crise.

· O New Deal e as idéias de Keynes (o keynesianismo) foram a base de formação daquilo que ficou conhecido como “Welfare State”, ou “Estado de Bem-Estar Social”. Ele surgiu como uma oposição tanto ao liberalismo econômico exacerbado quanto ao socialismo russo. O Welfare State defendia um Estado regulador que deveria assegurar o máximo do desenvolvimento econômico e social, mas sem ameaça à propriedade privada.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Dicas para o Vestibular

Dicas para o Vestibular

O Historianet acredita que além do conteúdo de determinada disciplina, o estudante precisa começar a valorizar a forma, ou seja, a metodologia de estudo.

Em História avaliamos que seja necessário compreender os acontecimentos com lógica de raciocínio, uma lógica dialética onde o estudante possa assimilar, relacionar e explicar os fatos históricos e seus significados no contexto em que estão inseridos.

A preocupação em desenvolver uma metodologia para o estudo de História é produto de nossa própria experiência no magistério, onde percebemos que mesmo aquele aluno que deu a devida atenção e entendeu um determinado assunto estudado, terá problemas por não saber às vezes como estudar a matéria. Naturalmente devemos levar em consideração que o ensino médio é essencialmente informativo priorizando a quantidade, que é extensa e diversificada, já que existem várias frentes de cada matéria.

Nas aulas de História, ainda é comum a presença daquele estudante que apesar de ter compreendido o assunto, manifesta-se preocupado com uma frase que já se tornou comum em sala de aula: - Professor, compreendi a aula, mas não sei como estudar História.

Essa constatação levou-nos a desenvolver um roteiro de estudo, visando facilitar a análise dos fatos e mostrar ao mesmo tempo, a importância de entender um assunto com lógica de raciocínio, pois só assim será possível uma análise mais crítica e dialética da História, onde os fenômenos possam ser entendidos com mais lucidez desde suas origens até suas conseqüências.

O roteiro proposto é formado apenas por cinco itens (espaço/tempo; contexto histórico; antecedentes; o evento, desdobramentos), que servem para análise dos mais diversos temas, ou seja, através de uma mesma linha de raciocínio pode-se analisar tanto uma aula sobre Reforma Religiosa, como outra sobre Revolução Francesa.

A primeira preocupação quando analisamos um acontecimento, é situá-lo no tempo e no espaço, condição elementar para compreensão de qualquer fato histórico e para criar o hábito na utilização de mapas (noção de espaço) e outras ilustrações, auxiliares na caracterização de uma certa época (noção de tempo).

O segundo passo é analisar o contexto histórico, isto é, a realidade histórica que cerca o fato em questão. É o ponto mais importante do roteiro, pois desmistifica a História factual, mostrando ao aluno que não existem fatos isolados e que todo acontecimento deve ser entendido à luz da realidade que o cerca. A análise do contexto permite também que o aluno relacione outros acontecimentos inseridos na mesma realidade.

Na análise do próprio contexto encontramos os antecedentes (terceiro passo de nosso roteiro), onde perceberemos os fatores estruturais e conjunturais, além de seus determinantes mais específicos e até acontecimentos sem muita importância estrutural, mas que catalisam o processo em direção ao evento estudado.

Após os antecedentes, analisaremos o fato, o evento propriamente dito, através de suas características e seu significado histórico. Por fim, já com a preocupação de estabelecer uma relação com um próximo evento, vamos conhecer os desdobramentos onde estabeleceremos um gancho para analisar um próximo assunto, utilizando o mesmo roteiro de análise, ou seja:


1- TEMPO/ESPAÇO
2- CONTEXTO HISTÓRICO
3- ANTECEDENTES
4- O EVENTO
5- DESDOBRAMENTOS

Exemplificaremos o roteiro, supondo o estudo da Primeira Guerra Mundial:

A) ESPAÇO/TEMPO
Europa: início do século XX

B) CONTEXTO HISTÓRICO
Neocolonialismo
Política de Alianças
Paz Armada

C) ANTECEDENTES
Disputa de mercados neocolonialista
Divergências político-econômicas e revanchismos
Nacionalismos e antagonismos entre os impérios
O assassinato de Francisco Ferdinando

D) A GUERRA
O início
Blocos militares em conflito
Etapas
O ano de 1917
O término do conflito

E) CONSEQUÊNCIAS
Tratado de Versalhes
Fim da hegemonia européia
Desintegração dos impérios
Novas nações
EUA como potência hegemônica
Liga das Nações
Revanchismo alemão
Fortalecimento do nacionalismo (nazifascismo)

Como já foi observado, quando analisamos os desdobramentos, já introduzimos o próximo assunto (no caso abaixo o nazifascismo), analisando-o através do mesmo roteiro:

A) ESPAÇO/TEMPO
Europa (Itália/Alemanha): anos 20 e 30

B) CONTEXTO HISTÓRICO
Crise das democracias liberais na Europa
Superprodução nos EUA e crise de 1929
Isolamento e crescimento da URSS

C) ANTECEDENTES
Crise européia no pós-guerra, agravada na Alemanha pelas imposições do Tratado de Versalhes
Crescimento dos grupos políticos de esquerda
Greve Geral convocada na Itália por anarquistas e socialistas
Crescimento nazista nas eleições de 1932

D) DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
Movimento político-ideológico antidemocrático que governou países europeus no "entre-guerras"
O totalitarismo; o nacionalismo; o anticomunismo; o antiliberalismo; o militarismo; o expansionismo; o corporativismo fascista; o anti-semitismo nazista.

E) CONSEQUÊNCIAS
Recuperação econômica alemã com obras públicas e indústria bélica
Militarismo expansionista
Segunda Guerra Mundial

Ao estudarmos a Segunda Guerra Mundial com o roteiro já conhecido, chegaremos aos desdobramentos, que introduz o contexto da "Guerra Fria" (desenvolvimento, apogeu e crise), direcionando para nova ordem pós-socialismo até os dias atuais.

Bibliografia

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=452. Acessado no dia 01/04/2008 as 20:17h.